domingo, 4 de janeiro de 2009

Estrelas

A lua hoje está só e cheia
As estrelas cobrem a lua de dor e cor
Eu sou só pó
Eu estou só e cheia
A lua é uma ideia minha
Daquelas grandes ideias que surgem à tardinha
Eu sou só lua e estrelas
Tu és uma ideia minha
Que surge sempre à tardinha
As estrelas não me dizem por onde ir
Na minha ambição de me perder
Nas tuas estrelas
As estrelas cobrem a lua de cor e dor
Eu estou cheia e só de ti
Terra em vaso de estrelas
Tu a flor que sobe em ar
Com um esguio abraço
Tocas a lua cheia e só

2 comentários:

josé ferreira disse...

Liliana o teu poema tem uma ambiguidade que seduz. Há invenções que ficam suspensas de o serem ou não reais e a troca das mesmas palavras "cheia e só" "só e cheia", " "dor e cor" "cor e dor". a "lua" as "estrelas" "ideia minha"
que "surge sempre à tardinha". no fim fica a quase certeza de existir um "tu" que também oscila entre aquelas estrelas e aquela lua.
Gostei deste jogo de palavras que sem o uso de metáforas fortes deixam imagens que flutuam num céu onde sobe o "esguio abraço".
Parabéns e continua a participar.

M. disse...

Liliana
Parabéns atrasados, pelo aniversário e pelo poema tão bonito.
Pungente também.
Acho que é o Saramago que diz que as plantas de sombra crescem mais belas. O teu poema tem um quê de sombrio que me agrada muito, talvez por contrastar com esse vazio tão cheio que mesmo o luar pode ter.
Não é só minha a ideia de que tu estás cheia de poesia.
Escreve sempre.
Beijinho