quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Abismo à portuguesa

Para Vitor Teves




Tenho medo que Jesus não me esporre hoje na boca
não me esporre hoje na boca senhor jesus!
Senhor jesus senhor jesus senhor Jesus
“Escrever é corrigir a vida”*
E o esperma que escorre dos lábios de Maria
há de gerar um Semi-Deus Forte
feito para desenhar uma anunciação a tinta dourada

Trezentas mil ovelhas caminham rumo a um “abismo à portuguesa”
O decifrador de sinais vê nesta frase uma absurda falta de simbologia,
Ele sabe que eu adoro de uma forma bem primitiva um hitler recém nascido
Com as suas cuequitas apertadas e o rugido do mundo que clama por um Mão de Ferro

Deliro só de imaginar o seu doce esperma quentinho na minha boca
De Mona a Lisa
De Lenine

Ontem dei a mão a virgílio, Ele guiou-me pela tua boca,
Conduziu-me à máxima experiência humana,
O estremecimento de um holocausto digital
Bem fundo nos teus olhos
A Anunciação


* Enrique Vila-Matas

Nuno Brito, 2009

1 comentário:

A. Roma disse...

Nuno,
Não digo para agradar. Geralmente gosto dos teu poemas. Divertem-me, fazem-me pensar, entusiasma-me
como cruzas temas e imagens diferentes, inspira-me o paradoxo entre a crueza de algumas palavras e o sentimento subtil que adivinho na ironia feroz.

Por outro lado - e não digo para te criticar e censurar não gostei dos primeiros versos deste poema. Escreves o que quiseres, tens todo o direito do mundo, a poesia é um mundo que tem a missão de resgatar toda a liberdade.
E não gostei porque, quanto a mim, a "provocação" às figuras de Cristo e Maria, neste caso são frageis, banais e ordinárias. Poderão chocar alguns. A mim não chocam. Só não gostei porque tenho o direito que não gostar, como tu tens o direito de escrever aquilo que quiseres.
Podes fazer disto uma polémica - se quiseres expulsa a fúria sobre o meu comentário e arrasa os meus poemas.Não é essa a minha intenção.

De todo o modo se tivesse que defender aqui uma ideia, era o teu direito a teres uma opinião da diferente da minha. Alem de respeitar o estado particular que te levou a ter essas imagens.
Só mostra que tens muito para dizer.
Continua a mandar poemas.

Entende que não estou a ser irónico em deixar-te um abraço.
António