sábado, 18 de abril de 2009
The Raven
em Inglês e a tradução de Fernando Pessoa e resolvi publicar.
nao sei o que se passa com a formatação, que alguns versos aparecem cortados... quem perceber disso por favor componha o poema, que eu não sei.
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,- Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais. - É só isto, e nada mais".
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais. - Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais. - Isso só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais. - "É o vento, e nada mais."
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais, - Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais." - Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais, - Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais". - Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais - Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais, - Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais, - Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!" - Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais! - Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!" - Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!" - Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais, - Libertar-se-á... nunca mais!
O CORVO *
(de Edgar Allan Poe)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Imagine
Esta é uma das minhas canções preferidas e com base nela fiz este poema que aqui deixo! Também gostei dos óculos redondos de lentes azuis imaginei uma tela branca e de cada vez que abrisse os olhos ter o céu azul - sempre!
IMAGINA
Fecha os olhos ...
Imagina!
O Sol durante o dia
estende seu manto morno
no alpendre
no baloiço
no jardim das mariposas
nos ramos de um salgueiro
tremeluzindo de cores!
Fecha os olhos...
Imagina!
Na noite crepuscular
sobe a Lua dos mistérios
não redonda mas esguia
nesse quarto crescente
que namora a melodia!
Imagina!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Dias de Abril
nuvens cinzentas e largas outras de dedadas
buracos de meia onde espreita o Sol.
Nas carapaças qual tartaruga aquece
fecha-se os olhos no espaço de luz
sugando o astro nas precisas
tão quentes energias.
Assim se sente da natureza as temperaturas
abrem pétalas e polens de voos mínimos
febres de fenos espirros de resfrios
e sempre o calor descendo de dossel
no rosto silente imóvel querendo
sentir as mensagens do vento no bronze
da pele.
Nestes dias de Abril estendo palmas abertas
recebo as outras mãos distantes do Paraíso
a dança breve de uma brisa nos cabelos
que entra nos meandros da cabeça
onde me sento de almofada nos sentidos
desvendando segredos nos altares inconscientes.
A surpresa de um novo filme numa trama de seda
um casulo nascente de folhas de amoreira
deslumbrante improvável resplandecente
só nossa tão dentro
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim , se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
Sá de Miranda
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Ariana
pede o jeito o beijo
a seguir reclama
a cadeia dos dedos que incendeia
os maiores desejos de quem ama.
Sem medo sem rodeios
pede na forma certa
agora já sem mais demora.
Tem pressa na procura de almofada
até ao leve sopro de quem
mais não quer acabou e pede sim
o sossego de adormecer.
Ariana tem o medo de acordar
se acabe o sonho a pressa de amar
por isso pede antes ao amante
que no fim sim no fim
quando deixar
os cabelos de lado na cama
e o rosto de ar completo
que parta vá embora devagar
e a deixe a ela sempre sempre a pensar
que foi sonho e o pode retomar.
No resto da noite Ariana dorme
dorme o sonho
e sonha de novo a pressa de amar.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Tricotando com palavras
Fascinava-me a rapidez incrível com que tricotava e o ponto certinho, que quase transformava aquelas tiras de malha, lindíssimas, em obras de arte, de leveza e perfeição
Não sei fazer tricot mas, não resisto ao desafio de tentar tricotar uma longa tira de palavras., não sei ainda como mas, com certeza, nunca com a beleza da malha certinha, do meu professor escocês!
Neste meu tricot, as palavras são os meus novelos e a esferográfica e depois, as teclas do computador, as minhas agulhas.
As palavras são preciosas, como jóias antigas! Mas, não sei se vou saber tricotar com elas! O meu professor, aqui a meu lado, sorri e diz-me que sim...
Na esteira de Cesare Pavese, que escreveu a frase “ O mar parece azeite”, escrevi, um dia, que “O mar parece um oleado ondulante e pardo”. Não é aquele, nem este mar que quero tricotar! Não tenho novelos esverdinhados e viscosos como o azeite, nem tenho novelos pardos como um oleado!
Prefiro aquela massa líquida, imensa, translúcida, de um azul profundo, salpicado de luz, que não quero rematado por espuma mas, por gatinhos brancos, pequenas bolinhas de pêlo, que saltitam, rebolam e brincam contentes e libertos da dor de pensar, como o gato de Pessoa.
Estes gatinhos, só meus, não brincam na rua, brincam na areia, também, como se fosse na cama e, sem molhar as patinhas felpudas, são a mais bela cercadura viva, para esse mar do meu encantamento.
E, no meu vestido azul, enfeitado de veludo branco, que me fica tão bem, eu tricoto esse mar magnífico, com os meus novelos azuis, bordados a fio de prata e com os meus novelos brancos, cansados de tanta brincadeira! E, à medida que se desenrolam os novelos e as malhas se entrelaçam, enroscam-se, ternamente, no ar, a música deliciosa, sorridente de Mozart e o perfume, suave e macio, dos lírios do campo, da lavanda, da alfazema e do tomilho.
Mas, logo a seguir, desce a noite gelada e tempestuosa e o mar é, agora, um abismo imenso, negro, rasgado por relâmpagos que ziguezagueiam e se despedaçam nas vagas encapeladas, violentas que batem fortes, em furioso turbilhão, contra as rochas e açoitam, endoidecidas, a areia serena e branda. E, a música poderosa de Wagner, que traz consigo laivos de vermelho que lembram sangue e que lembram guerra, irrompe das profundezas desse abismo aterrador, com o cheiro a raiva, a vingança, a sal e a algas.
E eu tricoto esse mar com as palavras pesadas, assustadoras que são os meus novelos de escuridão e de pesadelo!
Foi muito penoso tricotar este mar, de vagas enormes, a ribombar, alterosas.
Enganei-me no ponto e deixei cair malhas, como lágrimas.
Estou cansada e encolho-me, com frio, no meu vestido escuro, com laivos vermelhos que lembram sangue e lembram guerra.
A noite tempestuosa esvai-se e o dia nasce...
E, na claridade límpida e serena da madrugada, o mar que vejo, é azul cristalino, com pinceladas de cor-de-rosa, salpicado de ouro e vai-se aproximando, devagarinho, timidamente, num marulhar feito de ternura e de amor, ao encontro da areia dourada, macia e húmida que o espera, também ela, témula e ansiosa. E o mar, num redemoinho de emoções, com o coração aos tropeços, o cor-de-rosa agora já o vermelho da paixão, espraia-se nela e, cobrindo-a com um rendilhado delicado de espuma, qual renda de bilros, abraça-a, beija-a e sussurra-lhe inconfessáveis segredos, envolvendo-a nas suas ondas mansas, para logo se fundirem num abraço de luz!
Depois, na languidez preguiçosa, apaziguada, do amor saciado, ele deixa-se ficar, a revoltear, junto dela, numa suave ondulação.
E, eu, no meu vestido azul claro com pinceladas de rosa e de vermelho, vaporoso e, quase translúcido, tricoto com os meus novelos macios, a fio de luz entrelaçados, este mar enamorado e a areia, sua amada!
Deles emergem, suavemente, a doçura de “Für Elise” de Beethoven, e o doce e envolvente perfume das rosas e do jasmim e o cheiro delicado e pensativo das gardénias.
O tempo muda e o mar reflecte o céu que, de repente, ficou cinzento e agora quase, mas quase, esverdinhado, viscoso e pardo. Este é o mar gélido, desolado dos náufragos, dos suicidas, do desespero e da loucura!
E, eu, no meu vestido cinzento, opaco e feio, tricoto este mar de infelicidade, de vidas violentamente interrompidas, esse mar onde repousam sonhos em pedaços, projectos destroçados, farrapos de Esperança perdida, com os meus novelos cinzentos, baços, e tristes e neles, agora, é Chopin que chora baixinho e cheira a velas e a flores murchas, apodrecidas! Como os afogados, como os sonhos desfeitos, como os projectos, para sempre, apenas projectos, como os farrapos de Esperança destroçada!
Esgotou-me, tricotar este mar a cheirar a morte e a podridão!
É tempo de voar, reencontrar a alegria de viver e de correr, ansiosamente, atrás do sonho de voltar ao ponto de partida!
Mas, chorosa, deparei-me com um mar de luto. Um mar estranho que me enjoou, que me provocou a agonia do vómito e dos suores frios, quando o cheiro horrendo da fome mais negra, da doença sem remédio, da miséria mais pungente, da guerra mais impiedosa, me atingiu, em cheio, como uma bola incandescente!
Não sei tricotar este mar! Não vou tricotar este mar! Não quero tricotar este mar!
Então, com o poder imenso, fantástico, quase divino das palavras feitas novelos de lã, modifico este mar e transformo-o numa toalha imensa, esplêndida, cheia de cor e de luz, com um remate de espuma que é, afinal, uma sumptuosa renda de Bruges, que estendo sobre uma mesa infinita, agora alegre e farta pois, sobre ela há inesgotáveis alimentos e remédios, uma imensa solidariedade e uma forte e terna fraternidade! Para que não haja fome, nem doença, nem miséria, nem guerra!
E, eu tricoto esta toalha maravilhosa com os meus novelos amarelos, vermelhos, azuis, cor de laranja e verdes e deles brota a música sensual da kizomba, e o som agreste e excitante, dos batuques, e deles, brotam também os cheiros fortes, tropicais, da vegetação exuberante, do abacaxi, do maracujá, da papaia, do coco e o cheiro a barro, consolado da terra vermelha, depois da chuva!
E, tricoto, ainda, com os meus novelos, agora, endiabrados, carregados de erotismo e desejo, os corpos negros, lascivos, suados, que se agitam indomáveis, em frémitos de prazer e de paixão, ao ritmo inquietante e frenético dos batuques!
As palavras, meus novelos feiticeiros, conferem-me, ainda, com o seu poder mágico, quase divino, a possibilidade singular de criar, só para mim, um espaço de maravilhosa fascinação, neste mar africano.
Não vou pôr no mar, em seu lugar, um relâmpago, como fez Luís Miguel Nava. Os relâmpagos são brilhantes, belos e poderosos mas, assustadores!
Também não vou pôr no mar, em seu lugar, um vasto campo de miosótis pequeninos e azuis, onde eu pudesse dançar, solta e descalça, ao som de uma melodia belíssima, fantástica, que o mar compusesse, só para mim, como fiz um dia!
Não! No lugar do mar, vou pôr um mangal, só meu, transbordante de encanto e de romantismo, com flamingos cor-de-rosa, só meus, acácias em flor, só minhas e uma cascata imensa, cristalina, cheia de luz e brilho, a brotar, deslumbrante, entrelaçada numa vegetação magnífica, vestida de verde de mil matizes, também, só minha!
Envolta em panos coloridos, artisticamente traçados sobre o meu corpo, modelando-o, tricoto, feliz, este mangal de fantasia, com os meus novelos que escorrem beleza e encanto, num delírio de cores e ofuscantes de luz e onde ressoam os batuques, a kizomba e, onde paira, provocante, o cheiro fresco mas, atrevido, das acácias em flor!
Já arrumei o meu texto tricotado.
O meu professor escocês já se despediu, e, como é um cavalheiro, limitou-se a sorrir e a dizer-me, docemente: “ My dear, don`t worry! It`s just a question of practice!”
Mas, lá no fundo, penso que lhe fez uma certa confusão, este meu tricot lento, desajeitado, com ponto incerto e malhas caídas! Como lágrimas...
Nota: Este texto é muito extenso mas, estou a "pendurá-lo" no
nosso blogue, com permissão da nossa querida Ana Luísa que não
sabia como era... enorme!
Desculpem e obrigada se tiverem paciência para me lerem.
Voltei a recordar a África do nosso encantamento, António Luiz!
Especialmente, para si, aí vai um mangal, a kizomba, os batuques e acácias em flor!
Maria Celeste Carvalho
Eu já não sou eu
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
este é o poema conseguido:
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E me tiver perdido
Nas voltas que o tempo deu!
Procurei-me e não me achei...
Perdi-me no tempo voraz... ruim
Que, indiferente, passou...
A correr, veloz, por mim!
E a quem me perguntou
Não soube dizer quem sou...
Nem para onde devia ir.
Perguntei qual o caminho
De volta ao tempo...
Ao tempo em que eu era eu.
Mas, ninguém me quis ouvir...
Ninguém me viu...
Ninguém me respondeu.
O poema levou-me no tempo
Perdi-me... Não sei onde estou!
E... no turbilhão sem fim
Das voltas que... o tempo deu
Perdi-me... da poesia
Que me amarrava... a mim.
E, sem alma...cega...vazia
Nas voltas que o tempo deu...
Perdi-me... não sei quem sou
Perdi-me...eu já não sou eu!
Nota: Como foi Páscoa, ressuscitei!!
Nunca esqueci a nossa muito "prezada" Ana Luísa,
nem os queridos Amigos, com quem tive a alegria de
participar no Workshop Escrita criativa( Poesia )I
Abraço apertado,
Maria Celeste Carvalho
Porcelana da China
na chávena oriental de cor ilíquida.
O eclipse de contraluz deslinda o invisível
rosto comprimido fundo de laterais decorativos
onde surgem precisas fortes as imemoriais tintas
e a leveza autêntica de porcelana da China.
É rodeio esta prosa este desmontar de restos
de caramelo um encosto aspirante de silêncio
após a transferência no fumo de ervas presas
condensados vapores inéditos das essências.
Se se teima outra vez a posição inicial
e se eleva a delicada asa junto ao lábio
de novo o intermédio a pausa o sabor
que passa além da linha de um olhar e
pousa no incómodo de não ter mais
onde colocar os dedos a não ser ressaltos
de superfície ainda quente ainda morna
agora fria.
No previsto fim de nascente no bule é então
o momento que se inicia de frases incompletas
que exigem companhia esclarecimento e ainda
uma outra harmonia tangida na distância
de memórias que aproximam esta outra aquela
de girândola sem intervalos como onda
milidispersa de gotas na rótulas dos joelhos
ou cedendo sem destino areias lisas e castelos
difusos entre espumas.
Qual a razão do rosto na ideia milenar?
Talvez o entendimento uma irmandade cheia
lunar que se estende no rubor ténue
nas asas das porcelanas voar de aromas
no ilustrado quadro do diálogo de faces
efectiva sensitiva translúcida sintonia.
O Sonho
tudo, muda
as formas do mundo altera a ordem dos
assuntos é difícil contá-lo
quando por fim saímos
e acordar
se torna alívio chegamos a ser nele
assassinos faz crescer angústia
do amor perdido
evitamos a
custo precipícios desalinho
de imagens como um filme de espírito
mas afinal a vida também vive
na dor e na ânsia pelo que não existe
Gastão da Cruz
Prémio Correntes de Escrita Póvoa 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
O que é o amor?Não sei; nem é preciso
Tentar saber, - tentar ou descobrir
Porque razão há quem pretenda ouvir
A fala de um olhar ou de um sorriso.
Jamais devemos formular um juízo
Para poder pensar ou reflectir
Sobre o que nasce e anda a progredir
No silêncio das almas, impreciso...
Tumulto sereníssimo e fecundo;
Domínio dominado na inconstância
De fixar os desvarios do mundo...
E se a vida é somente o que se vê,
Será melhor andarmos na ignorância
De nos amarmos sem saber porquê.
O poema do menino de Fernando Pessoa
Gostei imenso de Maria Bethania mergulhada na magia das palavras de Fernando Pessoa