quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Clandestinidade



Horas nocturnas de libertação.
Todos os carcereiros na prisão
Do sono.
Dono 
Dos sentimentos, 
Do instinto 
E da razão,
Sonho, 
Penso
Imagino.
Faço o pino
Deitado.
E às vezes é-me dado
Neste desatino, 
Por invisíveis mãos
A que nem sequer posso agradecer,
Um poema obscuro
Que de manhã, à luz  do sol, procuro
Claramente entender

Miguel Torga Diário XIV  (1987)

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