sábado, 31 de março de 2012

A linha cinzenta e branca

Invisível a folha branca não fala
Não se move nem procura a ternura
A folha voa, fugidia, altiva e crua
É branca, tão branca e impossível.
A cor não existe na folha branca
A cor desdisse que é cor.
É branca. É ausente.
A folha branca não sabe que o amor não existe.
Que o amor é uma abstracção do céu.
É tarde para amar agora que o branco chegou.
Uma parede alta ergueu-se na fronteira cinzenta dos corpos.
Há pó invisível pesado e o ar rarefeito sem brisa não ecoa.
As estrelas balançam na inquietação agitada dos seus cinco braços.
O corpo não sabe, só dói.
A folha não pensa pesada e branca.
Descansa leve no mar, com o universo por baixo.
O amor são as ondas mudas, em silêncio.
A folha branca continua.
Muito branca.
Cheia de estrelas invisíveis por nascer.

Sem comentários: