quinta-feira, 16 de junho de 2011

sementes que nascem em terra queimada

sementes que nascem em terra queimada I

anteontem.
inquietude tão imprudente
rasga-me.
apetece demais bulir
agarro-me.

ontem.
da paralisia
não resvalou repouso

antes fosse sono.

sementes que nascem em terra queimada II

o tempo que acabaste
diluísse barulho
cassou calma por dentro
às vezes para sempre.

traste.

se o amor morre não se cuida.

não evocadas imagens, luto é luta

espuma de tristeza, dias

por mim passam mal.
não voltaste.

adormeci rápido, acordei bem
não sabia em falso abraço.
quero paz.

sementes que nascem em terra queimada IV

a verdadeira terra, essa
sem lume queimada
sempre, tarde percebo
de muito antes o negado

tarde percebo sem remédio
como a morte, só que
é loucura não te amar.

eternidade.
apenas uma, a semente.

ainda a, ainda proibida a palavra...


2 comentários:

josé ferreira disse...

Olá Anabela
Gostei muito deste poema de sementes e de terra queimada, em dualidade, em tensão e em diálogo.

Abraço

Anónimo disse...

olá Anabela! Adorei este teu poema, tem algo de sintaxe galega! Abraço

Pedro Reis