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Edward Hooper "Gente ao sol" 1960
os raios brotam como ramos doces, objectivos.
de poucas folhas sobre o rosto
abrem o momento esperado de um calor
um abraço indirecto, um xaile transparente
que anima o quadro de uma rua em movimento.
suave e invisível afecto, por sobre a testa
dedos de ar sobre os ombros, um puxar de orelhas risonho
um círculo quente na roda de uma maçã ascendente
à volta do queixo branco e de pontos minúsculos
cinzentos -
o sol de inverno tem o não lugar, a existência sem ser vida
assim como aquela montra tem revistas
aquela porta é alta e azul, e a igreja está fechada -
o sol de inverno é absoluto no paradigma, de transcendência.
em cada mícron do segundo tem, em todos e ao mesmo tempo
o grão puro do espírito que atravessa o espaço e domina o mundo
o sol de inverno passeia pela rua e não comunica
nem precisa -
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