sexta-feira, 2 de abril de 2010

O lobo e a neve





Na imagem o repouso e a mansidão,
Contemplação e fixa brandura.
Na voragem do olhar só o silêncio
Acoita vigilantes os sentidos –
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac
Acelerado bate o coração –
E nem a friagem do vento rompe
Ou atormenta a quente lã de neve.

Somente a lua acende o desejo
Devorador da hábil mansidão
– E instala-se em mim o lobo
Como um sol capaz de explodir
Momento a momento
Sorrindo-se da presa.

Só o sangue é dinâmico na apatia –

José Almeida da Silva

1 comentário:

Joana Espain disse...

tic-tac..a 'sorrir' da presa no campo alegre ao jantar... só de sangue dinâmico na apatia' ..lembro-me do campo alegre onde espreitou este lobo!

Obrigada