sábado, 20 de março de 2010

Micronações: O reino do amor




É o amor, e não o Vaticano,
a mais pequena nação do mundo.
Podemos imaginar: um coração,
um enclave totalmente independente
do território estrangeiro que o domina.

Mas quando um coração se liga a outro
perde imediatamente a sua soberania.
As suas fronteiras adoecem e desistem.
O sol desfaz as faces dos seus príncipes.
O povo ganha finalmente um governo.

3 comentários:

josé ferreira disse...

André gostei do poema e da interligação real que se estabelece entre o governo de um desgoverno de sentimentos. Há um crescendo de "enclave" "território estrangeiro" perda de soberania, encantamento dos príncipes e o povo que ganha o bom governo.
Os versos "as suas fronteiras adoecem e desistem" e "o sol desfaz as faces" são de uma dualidade feliz que anunciam a boa doença do amor no que também há de entrega e partilha.

Abraço

André Domingues disse...

José,

obrigado pela leitura.
De facto, parece-me que quando duas pessoas se amam, formam uma micronação, que resulta precisamente da junção de dois enclaves, com a sua respectiva soberania. No momento de fusão, há que rever a "constituição" de cada um dos países, que alargaram as suas fronteiras e propuseram novos princípios.


Um abraço

A. Roma disse...

Fascinante ideia. E poesia sem ideias, sem experiência não se faz.
Uma micronação de um macrocosmos que me agrada particularmente e me tenta a roubar-lhe o poema:)