quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Império (poema de Sylvia Beirute)




















IMPÉRIO


posso exigir apenas até à hesitação.
hesitação.
hesitação que externa uma abertura
que externa uma condição.
uma condição que externa uma verificabilidade
condicionada.
uma compulsão que consome para não
multiplicar.
multiplicação. primeira multiplicação.
segunda. terceira. infinita. imperativa.
{todo o infinito tem imperatividade
ou império}.
prossecução. calculador da cegueira
das estrelas. reinício. poderei
exigir-te, recordo, apenas até à hesitação.
a hesitação está muito antes do mundo
e o maior paradoxo
é procurar-me a mim mesma
e o sangue ficar do meu lado.

Sylvia Beirute
inédito

2 comentários:

ana luisa amaral disse...

Achei muito interessante o seu poema!
ana luísa amaral

josé ferreira disse...

Olá Sylvia

Começo por te dar as boas vindas a este nosso espaço. Não preciso reforçar que sou um apreciador da tua forma de poetisar. já o disse antes. em relação a este poema gostaria de salientar o inicio que de hesitação se torna multiplicação e infinito. o infinito que é "império" e um império
que nos fragmenta em partes e que nos questiona no "paradoxo" da hesitação, porque como se diz no verso "a hesitação está muito antes do mundo", e o mundo , o possível, o infinito, só resulta e é na "procura" e na simbiose de ser um todo "e o sangue ficar do meu do meu lado".
Parabéns.

Abraço