quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Trago em mim

[«Um psiquiatra perturbado, um muçulmano devoto»;
«Eu não sou eu nem sou o outro»]


Trago em mim
as almas do passado
E nem sequer as lembro

surgem-me às vezes
nítidas como palavras
espessas como sangue
ganham vulto no discurso
a que desconheço o berço
sussuram-me às vezes
o poema como água pura.

Obedeço a medo do que sou –
Como se fosse outros
ouço-me nas correntes
que transporto.

E sonho o reencontro.

2009.11.18
José Almeida da Silva

3 comentários:

Clara Oliveira disse...

Gosto das almas do passado como fantasmas permanentes acompanham e influênciam toda a vivência até ao absoluto - passagem para o lado de lá da vida.
Gosto em particular do "ouço-me nas correntes que transporte", é muito forte. Bj

josé ferreira disse...

José também gostei e concordo em absoluto com as palavras da Clara. Há uma presença espiritual, não desejada, impossível de recusar que guia a alma no "reencontro" .
Abraço

Ana Luísa Amaral disse...

Uma sugestão: terminar com " E sonho o reencontro". Penso que o "absoluto" está inferido...
Bom texto!