quarta-feira, 4 de novembro de 2009

e naquele dia

e naquele dia
de manto negro se veste
sol flamejante
antes vermelho
como sangue fresco
cobre-se de denso nevoeiro
pardo escondido
baço pasmado
ponta de vento
se não sente
barulho ao longe
se não ouve
hastes verdes
olham o chão
indolentes
arado fértil
em crosta dura e pó
escorre a vida
gota a gota
rega o leito ainda fresco
e das entranhas da terra
um tumultuoso lamento:
- Meu Deus, por que me abandonaste

Clara Oliveira

2 comentários:

josé ferreira disse...

Clara um poema que se absorve de um só folego e do qual gosto particularmente do final "escorre a vida/ gota a gota/rega o leito ainda fresco /e das entranhas da terra/um tumultuoso lamento:/- Meu Deus, por que me abandonaste".

Abraço

Ana Luísa Amaral disse...

Gostei muito deste poema. Ritmo bom, final inesperado