quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segundo ensaio sobre a "desinspiração"

deserto de palavras
não as consigo tecer
entrançar umas nas outras
formar imagens de cor

aridez de palavras
mergulho os dedos nestes grãos
escorrem sem dono
por entre as minhas mãos

vazio de palavras
atravessar esta lonjura
por dentro sinto-me rasgar
derrete-me a mente nesta loucura

deserto cheio
de aridez vazio
de palavras

Clara Oliveira

3 comentários:

josé ferreira disse...

Clara gostei. acho que resultou bem o início de cada estrofe "deserto", "aridez", "vazio" de palavras, a tal desinspiração, reunida nas mesmas três palavras da estrofe final que completa a harmonia do poema.

Joana Espain disse...

Olá Clara. Gostei muito de não se
'formarem imagens de cor' que parecem 'escorrem sem dono' e gostei como disse o José do encontro das três imagens no final

Ana Luísa Amaral disse...

Achei bastante interessante a forma como a última estrofe resume, por assim dizer, os versos iniciais das estrofes anteriores, ao mesmo tempo que os expande, pela introdução de um adjectivo que anula toda a temática do poema: "cheio".