domingo, 25 de janeiro de 2009

O autêntico segundo

Deste-me aquele poema que já foi lido
em feltro azul de traço largo
não saberás que me guio em linhas
de cabelo recém nascido traço fino
fino muito fino.

"Para ti"- como se estrela única
entre mil conchas de Pacífico
mergulho corajoso de rocha alta
ganhando lanço sustendo sopro
no puro engano que abraço como sendo
a luz singular do teu desejo.

Guardo a exigência no saco fundo
como quem se desvia da falsa areia
na toalha de caranguejos e corais
num jogo de crianças junto ao mar

e quando sempre e por acaso
me deixo afundar
nesse buraco demais aberto
guardo o autêntico segundo
a íntima certeza de posse
traço largo;
cinde esse mundo que adivinho
no lento crescer da minha linha
fina muito fina.

3 comentários:

M. disse...

José,
O autêntico poema.
A sua linha fina, muito fina cresce a passos largo para uma escrita maior.
Gostei muito, mais ainda porque achei o estilo um bocadinho diferente, talvez mais minimalista, mais despojado.
Parabéns

Elza disse...

José, adorei este poema. Esse autêntico segundo em que se despoja da exigência e mergulha fundo deixando crescer a sua linha fina muito fina. Mergulhou também o José sem medo da rocha alta no Pacifico no mundo da poesia e o resultado está à vista, temos poeta! Muitos Parabéns!!!

josé ferreira disse...

Olá Elza
que bom estares de volta de olhos atentos na nossa poesia. Aguardo os teus segundos, minutos e horas de inspiração que inspirem as belas poesias a que nos habituaste.

Bjo.