terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Segredo

A medo vivo, a medo escrevo e falo
António Ferreira (1528-1569)



Dizer, numa árvore deixar
Ao ouvido um segredo
Oco tronco tranca o medo
Do indizível
Segredo

Sussurrar o sentir
Num velho vulto vazio
Lavar o peso do peito
Nesse rio

Caixa-forte dos afectos
Meu amor depositado
O segredo que no peito
É mal guardado

1 comentário:

josé ferreira disse...

Marlene apesar de teres revelado a fonte do "oco tronco" e do segredo não diminuiu em nada a qualidade destes teus versos. Gostos da forma como ligas todas as estrofes
o "indizível segredo" sussurrar o sentir" "o segredo no que no peito/ è mal guardado". Os bons poetas resumem a história na harmonia de poucos versos e os teus estão óptimos! ( muitos terão talvez visto o filme mas nenhum se lembrou de o cantar em poesia)
Parabéns!