domingo, 4 de outubro de 2009
Casa antiga
Fotografia retirada da internet
Cede a porta bordada na mão do vento
o som de surdina encosta leve o trinco
corrente de ar da porta que abriu
em frente ao fundo de um corredor
de longas tábuas de dez metros de comprido.
- as casas antigas têm tectos altos
inscritos de gesso, mantas de rendas
salientes flores de Lis, folhas
nervuras de uma àrvore de neve
a arte das gravuras, alegorias
harpas, violinos no céu próximo
nas mãos nuas de meninos -
De novo se abre a porta que fechou
elevam-se batimentos, o ritmo
nos passos brancos até acima
a cor rubra de um receio, a má sina
que não traga de volta à casa antiga
ao corredor, quem mais se espera
nas longas tábuas de dez metros de comprido ...
- nas casa antigas não há espelhos de verniz
antes o sabor das ceras em nuvem descida
do alto tecto até ao nível da cinta
como um livro de imagens que aviva
o voo cheio das abelhas, o aroma
de um campo inclinado onde dançam
as flores -
As duas portas abrem na mesma parede
dentro de um túnel luminoso, iluminado
em cada lado nos olhos húmidos finos
sonâmbulos, encantados, como ondas
de dois mares no encontro consentido
ao fundo do corredor
de longas tábuas de dez metros de comprido
- nas casas antigas há risos de cem anos
o arrastar de vestidos, as casacas de grilo
mas os lábios de dois vultos
em segredo
são redondos e tamanhos
e neles não cabe o mundo
são o sonho das estrelas
a meio das longas tábuas
de dez metros de comprido ...
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