Passeio o meu olhar
nesta imensidão de água queda
enfeita-se de sombras de luz
que coroam qual rainha
água calma
nela me vejo reflectida
tão diferente.
em mim tempestade sem fim
ventos ciclónicos
águas transbordantes
redemoinhos de pensamentos
atropelos de vontades.
preciso de ti
para essa calma encontrar.
quero a suavidade de movimento
do moliceiro ao crepúsculo
quero a doçura do toque do casco na água
quero balanço de embalar
e embalada nos teus braços dormir
um sono fundo e apaziguado.
encontrar na força do teu abraço
a minha força também
sermos ambos a força que precisamos
para continuar esta nossa viagem juntos.
Clara Oliveira
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
segundo ensaio sobre a "desinspiração"
deserto de palavras
não as consigo tecer
entrançar umas nas outras
formar imagens de cor
aridez de palavras
mergulho os dedos nestes grãos
escorrem sem dono
por entre as minhas mãos
vazio de palavras
atravessar esta lonjura
por dentro sinto-me rasgar
derrete-me a mente nesta loucura
deserto cheio
de aridez vazio
de palavras
Clara Oliveira
não as consigo tecer
entrançar umas nas outras
formar imagens de cor
aridez de palavras
mergulho os dedos nestes grãos
escorrem sem dono
por entre as minhas mãos
vazio de palavras
atravessar esta lonjura
por dentro sinto-me rasgar
derrete-me a mente nesta loucura
deserto cheio
de aridez vazio
de palavras
Clara Oliveira
parábola de balas
(retirada da internet)
eram horas e partias
no fundo dos teus olhos o espírito
o desejo louco de abrir asas
mas os envólucros na mente oca
como bolas pendulares de ping-pong
o feitiço de vingança de Saddam
ao soltar os arquétipos de Jung
os desertos complexos de Freud
eram horas e partias
as marquesas, centenas de marquesas
jovens soldados enrolados de tinturas
as alas obscuras das mentes, dementes
de águias, abutres do Egipto, hienas
e as vozes de cantata dos comandos;
queriam fechar as asas, as tuas asas
e sabias os medos, as sentenças
das terras secas, do ouro preto
eram horas e partias
a luz, de um sol gélido de Maomé, a luz
nas asas brancas, a esvoaçar, a esvoaçar
nas tuas, nas deles, inocentes
um mar de milhares de penas
uma parábola de balas a cruzar, a cruzar
a tarde grave de ruídos, gritos e sangue
e a camisa de linho, a mais bonita
tingida, no seu último dia
eram horas e partias
P.S.- Este poema é sobre o caso do Major psiquiatra que assassinou
jovens soldados ao ter conhecimento que estava destacado para o
Iraque. Achei por bem pôr este esclarecimento porque, para aqueles
que não participam no curso de escrita criativa, será agora mais
fácil seguir os vários trabalhos que concerteza vão chegar.
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