quinta-feira, 5 de março de 2009

O tempo é um não retorno e hoje vai parar

A tua voz é minha nesta tarde
Contas-me histórias
Ris histórias
O tempo é todo teu
O tempo és todo tu
Tarde rara de saudade
Feita de beijos e sonhos
Paralelos triste no asfalto
são saudade em pedaços
Ruas de saudade
Levam a maré em sonho
Há poesia nos dias simples
Pinta-se de cor o tempo
Desmarca-se o trabalho
Ordena-se que ninguém morra hoje
Hoje é o dia que parou
O dia em que o tempo parou
O tempo é todo teu
O tempo és todo tu
Saudade
Feita de beijos e sonhos
Vamos dar nomes às estrelas
Faltar ao trabalho
Parar o tempo
Ordenar que ninguém morra hoje
E Contar histórias
Muitas histórias
Até os beijos serem palavras

Lento embalo

Vento dobra
Vento dança
dança e leva o meu amor
vento leva o meu amor
dentro dobra
dentro dança o meu amor
lenta lança
fere lenta
fura e dobra minha dor
lento embalo
vento embala minha dor
lento canto
inebria minha dor
vento dobra
choro dentro
dentro dobra minha dor
lento embalo
vento sonha
danço com o meu amor

Vicky Barcelona-recuerdos de alhambra

Recuerdos de Alhambra
na guitarra bronzeada de Oviedo.

Cristina submissa
ferida na úlcera de um tanino
-tinto mal digerido-
escapou fugaz em halo de seara
seduziu no abandono louro
a almofada
no terapêutico repouso.

Inebriou Vicky a noite intensa
(húmidos vapores na relva Shakespeare)
e o ponteado crescido de barba rude
face visível de Juan
na oculta raíz de poeta
melodias de Tarrega
a corda sensível.

Vicky Juan o ecrã de lua.

Supomos o chão envolto
na queda unida
romântica sina;
amarelos de Miró
pastilhas de azulejo
fantasias de Gaudi.

Vicky de alça descaída
pés descalços indiferentes
no caminho das formigas
vibra
nas cordas da melodia.


Escrevi este poema no tal desafio de poema sobre o filme de Woody Allen.
Também publiquei a música de que gosto muito.

Recuerdos de Alhambra

Poesia sem nome

Ainda não havia nennhuma poesia deste poeta no blogue. gostei desta.


Nomeio constelações uso-as
para me guiarem no receio das noites
escavo corpos na flexibilidade das sombras
atravesso a manhã e ponho a descoberto
a casa onde a infância secou
o olhar desce aos gestos inacabados
satura-os de jovens lágrimas de resinas
e o susto de criança que fui reaviva
um pouco de alegria no coração.

Al Berto (1948-1997)
Vigílias