escrevo-te na sensibilidade nas palavras
não encontro melhor forma de dizer
ficamos sempre aquém do que nos sobe na cabeça
em 366 pedaços de céu
–
ficamos sempre aquém
aquém do amor que dizemos em plumas que sobrevoam
que se imobilizam como se um cisne voasse, pousasse e falasse
e do seu bico saíssem palavras
palavras escritas em pequenos círculos no espelho de um lago
–
ficamos sempre aquém da pele que nos abraça
quando os dedos se tocam e há um homem
e há uma mulher –
escrevo-te sabendo da fronteira e dos limites
das portas e das janelas
dos quiosques, das escolas, dos escritórios e dos cafés;
aquelas mesas cheias de olhos –
e das bibliotecas
da imensidão das prateleiras, paralelas
na longitude das folhas
na curvatura dos livros onde se deitam as histórias –
sei bem dos limites e das asas que não voam
e no entanto, vejo-te
e escrevo
e dou-te a mão sem pressa
em 366 pedaços de céu –
em 366 pedaços de céu –