terça-feira, 29 de setembro de 2009
O irreprimível delírio
O irreprimível delírio na forma de um sorriso
as flores diversas, jarros,lírios,fetos
de pés molhados na jarra de cristal junto ao piano.
A melodia muda ecoa a sala onde se guardam as pinturas
iluminuras de pequenas surpresas, pormenores escondidos
de aguarelas e óleos.
Escuta-se um mar de silêncios nas cordas surdas e clássicas
de uma "Alhambra" que observa de rosácea aberta o rosto
o olhar direito, os pés cruzados, os braços como réguas
que seguram os outros braços de veludo canelado.
Nos pulsos oscilam as mãos como borboletas presas
nos ritmos inéditos de uma sinfonia incompleta.
Sem ondas, sem espumas o desenho de um gato e uma menina
de António Carneiro, não original, mais pequeno, um pastel
mesmo assim pessoal e autêntico. Ao lado um barco sem remos
ao sabor do rio, sem qualquer fio humano, difuso, sem ruído
no poder imenso da imagem que a cada um se autoriza
de preencher nas margens da nostalgia, a sua nostalgia
em desenhos que surgem e se apagam na poeira dos dias
os dias que sucedem de outros dias
na interminável viagem
do irreprimível delírio.
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