terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Carícia de pantufa
Não está quieta a Princesa?
Culpa dela?
A aia que lhe fala
do menino junto ao bobo.
O pincel sem ter tempo.
"É de ouro o cabelo!
Tão brilhante fino moço" - diz a mãe
- "Mas agora está diferente!"
O pincel no óleo mudo
e o cão escutando calmo
que o tempo saia, solte o dorso
e a carícia de pantufa
afaste a pulga.
Tão quieta a Menina:
Da janela cega a luz
o corpete fino as argolas
do vestido. A pergunta do porquê?
do que pensa?
a inclinação indiferente da cabeça.
Na rosto algo vazio
o olhar ausente na Princesa.
Os reis de cinturas ao fundo no espelho
vendo tudo -
Poema menino
Éramos dois, seis, vinte.
Entrámos, inseguros, expectantes,
Ávidos de procura e de partilha.
Não era Dezembro, nem presépio havia,
Em cada um de nós
O poema menino adormecido.
Ouro, incenso, mirra.
Palavras, música, emoção.
A sós ou de mãos dadas,
O presépio pressentia-se.
Entrámos, confiantes, ansiosos
De dádiva, de revelação.
Éramos vinte, cem, muitos.
Na manjedoura,
O poema menino deitado.
Não porque era Natal,
Mas porque é Poesia.
Entrámos, inseguros, expectantes,
Ávidos de procura e de partilha.
Não era Dezembro, nem presépio havia,
Em cada um de nós
O poema menino adormecido.
Ouro, incenso, mirra.
Palavras, música, emoção.
A sós ou de mãos dadas,
O presépio pressentia-se.
Entrámos, confiantes, ansiosos
De dádiva, de revelação.
Éramos vinte, cem, muitos.
Na manjedoura,
O poema menino deitado.
Não porque era Natal,
Mas porque é Poesia.
Cavaleiro de moinhos
Ouvi-te os passos em palavras de regressos.
Pontuava-te,
Na esperança de que em versos
A tua cosmogonia não me falhasse.
Conhecia-te a poeira do cansaço,
as batalhas perdidas e os moinhos que enfrentaste.
Soubesses tu, cavaleiro,
Traçar-nos em linhas mais certas
Deixar-me em portas abertas
Com a certeza do regresso.
Confesso
não te amar talvez inteiro
Apenas parte das viagens e as palavras de cativeiro.
Mas sei-te nas cores da audácia
e em traços de ousadia
as sombras soltas de glórias
e as horas de maresia.
E agora nobre soldado
Repousa nas madrugadas
e em espadas
e horas distantes.
Nas armaduras antigas liberta os moinhos gigantes.
E nas batalhas de areia
refaz o mundo em avesso
Que eu espero-te, Dulcineia,
Nos versos do teu regresso.
Maria Inês Beires
(queria ter dado um a toda a gente não por achar que é um bom poema mas por ser o mais recente e para se lembrarem de mim. de qualquer maneira, depois de ter desistido de passar um a um a limpo, resta-me deixar-vos aqui no blog e desejar-vos um bom natal e uma vida repleta de cavaleiros e Dulcineias.)
feliz natal!
Pontuava-te,
Na esperança de que em versos
A tua cosmogonia não me falhasse.
Conhecia-te a poeira do cansaço,
as batalhas perdidas e os moinhos que enfrentaste.
Soubesses tu, cavaleiro,
Traçar-nos em linhas mais certas
Deixar-me em portas abertas
Com a certeza do regresso.
Confesso
não te amar talvez inteiro
Apenas parte das viagens e as palavras de cativeiro.
Mas sei-te nas cores da audácia
e em traços de ousadia
as sombras soltas de glórias
e as horas de maresia.
E agora nobre soldado
Repousa nas madrugadas
e em espadas
e horas distantes.
Nas armaduras antigas liberta os moinhos gigantes.
E nas batalhas de areia
refaz o mundo em avesso
Que eu espero-te, Dulcineia,
Nos versos do teu regresso.
Maria Inês Beires
(queria ter dado um a toda a gente não por achar que é um bom poema mas por ser o mais recente e para se lembrarem de mim. de qualquer maneira, depois de ter desistido de passar um a um a limpo, resta-me deixar-vos aqui no blog e desejar-vos um bom natal e uma vida repleta de cavaleiros e Dulcineias.)
feliz natal!
Retrato em luzes.
Quereria pintar-te só, pequena Margarida,
Mas tão pequena, tão bem vestida
não serias tu gravura de criança.
O meu pincel reclama, bela infanta
que te rodeiam luzes e expressões
Que as cores se vão em longas ilusões
E o branco recai puro sobre ti.
Em verdade a luz me engana aqui tão perto.
São muitos os esboços que te cercam
Como então pintar-vos para que não vos percam?
Pintei-vos então branca, como sois,
Como vos sinto hoje e vos hão de encarar depois.
Pois se a pureza se confunde em quadro aberto
Cercar-te em canto escuro e companhia
E pelas cores traçar-te bela e tão pequena
que o branco só te torne mais serena
E de ti se desvanessa a demasia.
Maria Inês Beires
22/12/2008
Metafísicas caninas
Vestido de orelhas e focinho
Na pele de cão
Alheado dos cuidados, caracóis e volteios
À volta, Arte, Nobreza e Fé
Pintam surdinas e presságios futuros.
Na quietude deste canto
Farejo reflexões filosóficas
Rosno baixinho transcendências metafísicas
Ai...aquele osso suculento do almoço
E o pé de seda no meu dorso!
Teresa Almeida Pinto, António Luíz e Marlene
desejo de princesa
- diz-me princesa,
o que mais desejas ?
correr e gritar, corada e descalça,
o palácio de ponta a ponta.
ser menina de faz-de-conta.
despentear a brincadeira,
sem rendas e sem laços.
ter o riso e a chuva nos braços.
- não pode ser princesa,
que ainda te descompões.
Raquel Patriarca
vinteedois.dezembro.doismileoito
Sem a loucura...?
Vivo
Sem a loucura do concreto
Moro
A insanidade do incerto
Tenho razão para acreditar
Que a cabeça é um lugar
E habita nela uma Escola de Samba
Voam
Pensamentos dos pombais
Partem
Do cérebro cacos cerebrais
Tenho motivos para sentir
Que a cabeça anda a fugir
E corre nela uma Escola de Samba
Varro
O sono dos últimos dias
Solto
Declarações, sermões, orgias
Masco o real em ultra-sons
Pinto a cabeça de outros tons
E soa nela uma Escola de Samba
Valem
Tanto mais estes convictos
Velam
Pelo real e por seus mitos
Lanço estilhaços de indiferença
Sua cabeça minha sentença
Parece ela uma Escola de Samba
Assumo
O carnaval em pleno Inverno
Consumo
O dia qual pedaço eterno
Tenho loucura de viver
E a cabeça sem saber
Só sabe dela – é uma Escola de Samba
Sem a loucura do concreto
Moro
A insanidade do incerto
Tenho razão para acreditar
Que a cabeça é um lugar
E habita nela uma Escola de Samba
Voam
Pensamentos dos pombais
Partem
Do cérebro cacos cerebrais
Tenho motivos para sentir
Que a cabeça anda a fugir
E corre nela uma Escola de Samba
Varro
O sono dos últimos dias
Solto
Declarações, sermões, orgias
Masco o real em ultra-sons
Pinto a cabeça de outros tons
E soa nela uma Escola de Samba
Valem
Tanto mais estes convictos
Velam
Pelo real e por seus mitos
Lanço estilhaços de indiferença
Sua cabeça minha sentença
Parece ela uma Escola de Samba
Assumo
O carnaval em pleno Inverno
Consumo
O dia qual pedaço eterno
Tenho loucura de viver
E a cabeça sem saber
Só sabe dela – é uma Escola de Samba
O Segredo
A medo vivo, a medo escrevo e falo
António Ferreira (1528-1569)
António Ferreira (1528-1569)
Dizer, numa árvore deixar
Ao ouvido um segredo
Oco tronco tranca o medo
Do indizível
Segredo
Sussurrar o sentir
Num velho vulto vazio
Lavar o peso do peito
Nesse rio
Caixa-forte dos afectos
Meu amor depositado
O segredo que no peito
É mal guardado
As meninas
Atrás de cada porta há um fantasma
e por baixo das saias da pequena infanta erguem-se castelos com escadas de açúcar
não levam a lado nenhum porque nada leva a lado algum.
Velásquez vê as notícias em tela de marca - Portugal foi perdido e das Américas vêm pouco ouro,
a seguir dá "apocalipse now" depois de umas quantas guerras
A História Universal é de um tédio avassalador e
o tempo não é passageiro porque o tempo não existe,
se existisse também não seria passageiro
Velásquez e as meninas hão de ver com pouco interesse agora num plasma
é perigoso desenhar
no quarto ao lado as infantas brincam no hi5 e alisam os cabelos tristemente.
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