Não temas
Não temas que esse medo também é meu
Tremem os joelhos e os ventrículos marcham rápido no breu
Não sinto os dedos nesta parestesia de dor
Não sinto o espaço
Pára o tempo em mim numa paralisia de ausência
Não temas
Não temas que este meu medo é um ladrão de medos
Rouba os medos alheios num egoísmo isolado a preto e branco
Não temas
Não temas que o medo de tudo te priva
do beijo e da queda
Resta-te o nada que te embrulha e preenche
Não temas
Não temas que esse teu medo também é meu.