sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
a chama inebriante do gengibre
Annie Leibovitz
aguardo sempre impaciente a inconsciência dos meus degelos
quando me transformo no meu outro escondido.
e ao gostar mais dele do que de um diário de acidentes
aguardo essas chegadas e partidas
quando me visto de aromas, vários ventos e faúlhas
na acesa transcendência dos sentidos
sem medo do sangue vivo, das múltiplas feridas
do excesso das queimaduras, do gelo mais gelado dos granizos
no sem limite dos sonhos, até ao limite das cinzas.
sonho. sonho sonhos.
não à poeira contínua,não às trevas, sim aos sinos
quando nascem os dias de roupagens clandestinas.
sonho. sonho sonhos.
sem ser gente, na metafísica de ser inconsistente
sem acordar as inexistências
e não ser nada e ser apenas
um ser sem ser, um ser vazio
um ser sério, sem poesias
um ser sem ser, sem o mistério
de púrpuras e purpurinas
sem a chama inebriante do gengibre
no meio de uma floresta nas amígdalas
sem as loucuras da pele, as cartas ridículas
sem os triângulos das pirâmides que são muito antigas
antes de Cleópatra, depois das mitologias.
sonho.sonho sonhos.
aguardo sempre o palco breve de Keats, de Shakespeare
aguardo sempre impaciente o sono da consciência
o sonho não-consciente, sem regras nem mandamentos -
José Ferreira 4Fev2011
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