Maurice Denis
há árvores enormes de folhas amarelas
e um livro aberto.
o livro pode ser de mil e uma folhas e muitas palavras
ou de grandes páginas com poucas letras.
não é o tamanho nem a quantidade que importa –
as árvores enormes de folhas amarelas
podem ter sido inventadas.
e podes estar sentado numa mesa, num jardim ou dentro de uma
casa.
se tiveres um livro aberto podes ter viajado pela Patagónia
ou pela Sibéria
e podem crescer raízes na terra, assim rapidamente, num
instante
com árvores enormes de folhas amarelas.
podes ser surpreendido pela metamorfose do chão –
e pode haver mais do que silêncio por debaixo das copas inventadas
como por exemplo, os pássaros ou mulheres gregas e romanas
em túnicas longas e largas -
nas tardes infinitas depois da metamorfose pode soprar a brisa
pode girar o novo mundo solar à tua volta
antes do crepúsculo
um mundo sofisticado ou campesino
e músicas, sim, músicas, de harpa ou de flautas.
acredita na possibilidade –
as metamorfoses não surgem do acaso nas tardes infinitas
tens que as procurar.
procura sem descanso como se fossem pérolas
ou tesouros de grutas
milenares.
há uma filosofia na Grécia
que fala de pergaminhos sábios, de um oásis, de um segredo
bem guardado:
o inatingível, o inalcançável e o maior de todos os bens, a
felicidade -
talvez seja possível pelo sonho ou pela proximidade –
procura de todas as maneiras, não te esqueças.
abre portas e janelas.
procura sempre.
pela genética e pelos poemas –