quarta-feira, 20 de junho de 2012

o depois do amor



também podíamos permanecer assim depois do amor
juntos, no meio de um campo, numa cama de vento, sem as paredes e sem o medo.
assim como um fragmento do tempo, a mostrar-se, a ser instante, a ser presente –

podíamos ver astros-estrelas.
os astros-estrelas não se movimentam com o amor.
quando os dias  e as noites rodam são homens e mulheres
numa dança de mil movimentos, com os dedos e com a mente.
assim como um vai e vem de ondas que naquele  momento se tornam brancas –

também podíamos permanecer assim depois  do amor
quando o céu é um deus que nos fecha  os olhos
e  nos abraça dentro as células satisfeitas –

e abraça muito, e em cada batimento
aquele lado esquerdo, agora em descanso e  tão perfeito  –


josé ferreira