enquanto recebo o calor da celeuma
lembro letra a letra a carta de Olympia
a surpresa de a ver assim (in)vestida
de nudez, nas cores do seu poema
o adeus:
"manet meu ingénuo e querido amigo
beijo a tua mão direita
comovi-me
naquele divã de donzela
o lugar das minhas linhas.
sentida perfeita no meu corpo
no meu olhar felino que domina.
maria vestida de flores
escondida no seu olhar de noite
guarda os segredos daqueles que autorizo
os meus melhores momentos
a voz aguda dos amantes
e são tantos.
não os quero loucos nem distantes
de fogueiras impertinentes
ou amores frios
trato-os como filhos nos meus seios
a quem sugo os receios, os seus medos
na falta dos berços.
comovi-me
na largura dos traços
nas camadas de tinta
por sobre a tela virgem
de muitas horas e anseios.
beijo a tua mão direita
a do laço de cetim
trémula de pudor
quando inclinavas o rosto
e pousavas a paleta.
meu querido e ingénuo amigo
espero não te ver
sob pena de não ser
olympia-
e assim será manet
serei o poema
o teu espelho
e só meu o teu olhar
até ao fim -
beijo a tua mão direita
olympia
p.s. envio-te a flor "
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Caim e Abel - o espírito a leste do paraíso
a leste do paraíso
debaixo do céu em cada plano
em cada alto a liberdade do rebanho-
a atenção dos frutos da terra prende o chão
seca o ar, sua o rosto, gasta o homem-
o espírito transparece eleva a canção
em cada montanha espalha o sabor do leite
a lã fia o dia aquece a noite sã
abel respira a poeira como um travo doce
sem mágoa-
os frutos da terra trazem o sabor do sal
a íngreme resistência do húmus
a cor amarela dos vegetais
o terror do medo suga raízes
caim cria o deserto-
a morte voa no castigo dos abutres
sete vezes caim vive
os olhos, as mãos, o semblante de sangue
o espírito de abel
a leste do Paraíso-
Carmen e José
debaixo do céu em cada plano
em cada alto a liberdade do rebanho-
a atenção dos frutos da terra prende o chão
seca o ar, sua o rosto, gasta o homem-
o espírito transparece eleva a canção
em cada montanha espalha o sabor do leite
a lã fia o dia aquece a noite sã
abel respira a poeira como um travo doce
sem mágoa-
os frutos da terra trazem o sabor do sal
a íngreme resistência do húmus
a cor amarela dos vegetais
o terror do medo suga raízes
caim cria o deserto-
a morte voa no castigo dos abutres
sete vezes caim vive
os olhos, as mãos, o semblante de sangue
o espírito de abel
a leste do Paraíso-
Carmen e José
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