segunda-feira, 18 de julho de 2011
Poema - Maria Teresa Horta
Malevitch
Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido
Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no coração enfebrecido
Primeiro a floresta em seguida
o bosque
mais do que neve no tecido
Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo
Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido
Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é noz
e depois ruído
Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho
Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho
Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido
À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo
Maria Teresa Horta "Poemas Leya" 2009
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