duas possibilidades de alteração ao meu final:
1º
matas o concreto
viverá para sempre
o devaneio
2º
o corpo cessa de pulsar
e de mim...que sobra...
Clara Oliveira
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Nada nem uma metáfora
Inspira, inspira, apenas o gato
Sossegado na corda da cauda
Que alisa o tecido de um e outro lado
da almofada.
Nada nem uma metáfora.
Os dedos aprumados na caneta
De superfície lisa, permanente
Tinta de uma “Parker” 75
Prenda de outros anos;
Despedida do Alexandre
Entrada na Universidade.
Mas nada, a folha em branco.
E agora depois de tanto tempo
Nem que queira, a tinta seca;
Os batimentos de cadência
O ritmo de pontos brancos
Que se iluminam de novo
Na cor preta
E não era assim costume –
Azul a cor
Os dias, a força, o presente sorriso
E um livro irónico e supremo
De um “Conde Sandwich”, aceso
Na invenção do piquenique;
O pão de forma, o ovo fatiado
Queijo, presunto, o tomate de salada.
E nada nem uma única palavra.
A folha em branco picotada
De bico seco e o tormento
De nem uma, uma única
Qualquer ideia. Nada.
De súbito olho o gato
Que estende a pata e solta as garras –
Penso logo, claro - a selva.
E abre a boca, uma língua de víbora
Dentes sinuosos, os olhos vedados
Claro, claro que vejo – as feras.
Agarro os olhos no cimo da mesa
Procuro de novo o tricot da caneta
E eis que alguém chega, abre a porta
Salta o gato, eriça-se a cauda
Cai a almofada, sopra o vento
Esconde-se a folha
E nada, desgraça.
Alguém chama –
Berlim
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