Júlio Pomar "Auto-retrato, duas (ou três) laranjas e, de pernas para o ar, um macaco" 1973
Quando se conta a outrem um segredo este
desmaia: a palavra
torna-se pele
sem leão lá dentro.
Não é mais segredo e não o sendo
finge ser lembrança
de fabrico imperfeito:
um cliqueti no silêncio escancara
a dantes inamovível porta
e virada a página acha-se apenas
uma moeda
que não corre já.
Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO"