Tanya Gramatykova
IV
Há noites que são feitas dos rneus braços
e um silêncio comum às violetas.
e há sete luas que são sete traços
de sete noites que nunca foram feitas.
Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
duma espada à bainha dum cometa.
Há noites que nos deixam para trás
enrolados no nosso desencanto
e cisnes brancos que só são iguais
à mais longínqua onda do seu canto.
Há noites que nos levam para onde
o fantasma de nós fica mais perto;
e é sempre a nossa voz que nos responde
e só o nosso nome estava certo.
Há noites que são lírios e são feras
e a nossa exactidão de rosa vil
reconcilia no frio das esferas
os astros que se olham de perfil.
Natália Correia