quinta-feira, 19 de novembro de 2009

(retirado da internet)

Um pedido de desculpa pela ausência dos trabalhos de casa e pela minha ausência no próximo sábado.

Por ‘estes’ dias, tenho entre mãos um poema que não pára de crescer e estou a aprender, a aprendê-lo em conjunção com os outros meus exercícios poéticos. E parece que leva uma vida inteira…

O meu poema é ruivo, de olhos urgentes e persistentes. Ora sim, ora não, arrasta-se na minha perna esquerda para não perder de vista o(s) meu(s) destino(s). Abre as gavetas todas da cozinha e desarruma o(s) meu(s) tempo(s). Come de rosto encostado à minha mão para reduzir as distâncias da pele. Desliga o computador para me desligar do ‘para além dele’. Diz ‘tô tiste’ e pisca os olhos com a cabeça solene e inclinada, porque brincar é o verbo. Durante a noite, ouvem-se os passos apressados pelo corredor, à procura do ventre. Shiuuu… O meu poema é ruivo, é tão ruivo que me enche o colo todo.

ana lúcia figueiredo

Um rosto de Anna Karenina




Sobre ti o dia de Novembro
uma névoa, um vapor de linhas;
lugar onde os relógios crescem
de lado, nos azulejos
ponteiros grandes
inevitável rodar do tempo.

Como em Anna Karenina
já não se usam peles de vison
chapéus de ornamentos, penas
de pavão, nem as danças
as valsas de salão.
Sobre ti a boina preta e o baton
a cor vermelha, a tentação.

Sobre ti a dúvida e o aroma
as pétalas, o cálice doce, ameno
um sistema largo de afectos.
de um vidro embaciado
a paisagem jaz líquida
movediça, de árvores despidas
deixando cair os vestidos
na nudez segura.
Sobre ti a dúvida.

Sobre ti agora o imprevisto
a noite de berlindes e sininhos
ritos de paus de chuva, energias
um re(moinho) por de cima, em cima
uma carícia que transmite
a distância dos lagos
um cisne de águas calmas
Sobre ti.

Sobre ti o aroma
as pétalas,o cálice doce, ameno
o apagar do candeeiro
a luz presente de um poema -

Adormece, quero-te
boa noite -

Haikai

e-lia@lusa.pt

Ilíada e líamos
nos Lusíadas
as lusas idas


Leonor

São as fontes Leonor
os verdes frutos nos cântaros
- nas rodilhas o equilíbrio

José Ferreira