Um poema começa de forma imprecisa
Irrompe de um choro contido
de sal sobre a pele
Até deixar de saber o sabor
do verbo
E o poema atinge com a força de um ferro
Porque há na escrita uma dor latente
Uma coisa insidiosa que lateja
sobre a pele
E é sol, e é sal e é só o poema
E é só um poema que pulsa
na pele
O poema persiste de forma improvável
Inunda o olhar de choro composto
só sal no papel
E um poema no rosto
A perder de sentir o sentido
do verbo
E o poema é quem t(f)inge de cor
Porque há no Autor um inédito desejo
de exibir a pele
E o poema é só
um pretexto