Podias ser tu a bater hoje
não o granizado na cúpula de ferro
branca melodia em pausas rítmicas.
podia ser o som leve de nós de dedos
ecoando pela sala, amortecendo no tapete
cor tela lã de Arraiolos no leve rufo
de tambor, reciclando as notícias tolas,
de gente tola em vidas tolas...
e de uma só vez despisse a noite toda,
te trouxesse toda à minha porta tola!
Saltaria do sofá, acrobacia de mola,
esquecido dos minutos vagos,
escoando metros largos,
no desejo insano de um trinco que
se abre, uma aresta que aparta e
desvenda a silhueta, o riso aberto,
puro realce transparente,
arco-íris cristal de velas acesas,
candelabro arte nova de gente
nos passos ténues de encosto de lados,
de faces, de lábios, saciando
os húmidos sonhos de vãs intensidades!
Podias ser tu do outro lado
mas não eras... nem tu nem nada...
para lá da porta, o silêncio...
e... só agora reparo um bago de uva
caído do cesto da vizinha
junto à porta
e quanto ao ruído surdo
era o trinco da outra que fechava!
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Noites sem medos ( e sem estereotipagem)
Fantasma, de voz rouca sem percalço,
já moribunda quase a desfalecer,
porque vens de novo em meu encalço,
Se eu jamais te irei acolher ?
Não queiras fadiga, turbulência ou guerra,
goza teu exílio p'ra que eu não vocifere;
não sei quem tu és, eu pertenço à terra,
Qu' importa quem és p'ra que eu te venere?
Larga-me, solta-me para a vida,
desprende-me de teu louco jugo,
pois minh' alma de ti se quer desjungida!
Liberta-me, quero brincar e sorrir,
caminhar em frente, olhar o meu burgo,
gritar paz, liberdade , mas sem lhes mentir!
( António Pinto Oliveira - 2008 )
já moribunda quase a desfalecer,
porque vens de novo em meu encalço,
Se eu jamais te irei acolher ?
Não queiras fadiga, turbulência ou guerra,
goza teu exílio p'ra que eu não vocifere;
não sei quem tu és, eu pertenço à terra,
Qu' importa quem és p'ra que eu te venere?
Larga-me, solta-me para a vida,
desprende-me de teu louco jugo,
pois minh' alma de ti se quer desjungida!
Liberta-me, quero brincar e sorrir,
caminhar em frente, olhar o meu burgo,
gritar paz, liberdade , mas sem lhes mentir!
( António Pinto Oliveira - 2008 )
Guerra
fotógrafo: Douglas Kirkland
Entro no teu olhar
Abrigo-me na tua alma
Enrosco-me no seu silêncio
Protejo-me das minhas tempestades
Deparo-me com os teus receios
Montamos um exército e combatemos
Lado a lado por terra vão caindo os inimigos
Paramos, guio o teu olhar na viagem da minha alma
Esgotados da guerra que nos alucina
Largamos as armas e amamo-nos.
filinta
bilhete
quero outra vez desculpar-me. esqueço que os preliminares devem durar todas as horas de todos os dias. não é que não te tenha carinho. só não sei como to hei-de entregar. a tensão faz-me cobrar-te aquilo que não devo. sempre foste o melhor desta minha vida confusa e cinzenta e preciso de sentir que ainda me pertences. quero sentir-me em controlo, segurança, em paz. quero ser quem mereces. a maior parte dos dias sinto apenas cansaço, desencanto, abandono. não desisti mas já não tenho expectativas. já reparaste que nos transformámos em lugares comuns? não tem importância. continuo a amar-te como antes. talvez não como antes, mas tu és ainda a minha verdadeira casa. logo chego tarde. janta e não esperes por mim.
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