terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Cessa
Jesús Alonso "sem título" 2000
Na árvore única uma folha esguia.
Porque resiste assim facetada, larga
Em contraste de ramos definidos,
Nus e finos, plácidos, esquiços,
Postados no meio de uma planície
De fundo impreciso, branco, vítreo?
A folha única permanece íntima
No carvão carregado de uma mão
fechada que liga ao braço, aguarda.
Só cessa na próxima folha, a primeira
Que desabotoa, abre e emerge
lenta; não baça, não seca, de seiva.
Uma chuva tracejada, monótona
No meio da folha mínima
Na árvore quieta,
Um pequeno mar de água na terra cinzenta.
Única e aberta a janela de guilhotina
Sobre a mais difusa planície
Que acentua a única árvore
A única folha.
Ouço ainda, ainda
Uma chuva lenta de morrinha.
Cessa -
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