segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Café Del Greco
O mancebo entrou no Café Del Greco e pediu organino à marinheiro e o empregado disse: aqui não servimos música tocada por marinheiro, e também não servimos os marinheiros que tocam música, só servimos pasteis de chaves com muito fermento e cerveja também com muito fermento. O mancebo disse: Quero que as coisas com fermento se fodam!! Foi até à máquina de dar dinheiro, no fundo do café e meteu lá dinheiro e ficou sem o dinheiro porque não há máquinas de dar dinheiro. Pediu um prego no pão e o dono do Café del Greco deu-lhe um prego no pão. O mancebo saiu e foi ver o mar, a lua estava cheia e o mar tinha-se ido embora, depois o mar voltou e o mancebo chamou por um mexicano e o mexicano veio a fumar pela praia, com um passo muito lento. O mancebo e o mexicano sentaram-se na mesma duna e o mar sentou-se também numa duna. O mar pediu lumes ao mancebo e o mancebo disse: Eu não tenho lumes – E o mexicano disse: eu tenho lumes – E o mar começou a arder, e depois calçou umas botas de saltos altos e dançou como um tornado de fogo, e o mexicano disse que o mar era sexy e masturbou-se enquanto o mar dançava – É que dá-me tusa! Fodasse ver o mar dançar – Voltaram ao café del Greco e comeram dois pregos cada um e dois finos cada um.
Linha de Sintra
Alguém disse ao condutor da linha de Sintra que une as Caldas a São Pettersburgo, ó condutor de comboios, tu és um génio, porque nos levas na rota perfeita – E o condutor de comboios da linha de Sintra disse: Eu não sou um génio, sou só um conjunto de limões em fuga, vocês são guiados por um conjunto de limões que não sabe para onde vai e leva tudo consigo; Leva consigo várias carruagens e todas elas descarrila e volta a alinhar, um conjunto de limões pintado em todas as naturezas mortas do século XVIII, com limões de extrema direita e limões de extrema esquerda, um conjunto heterogéneo que usa ceroulas de todas as coras e chora na direcção do vento, se o vento vem de norte chora para sul, se o vento vem de sul chora para norte.
Alguém ejaculou por cima da natureza morta e esse sémen ficou na história da Arte europeia – Pense – Disse o condutor da linha de Sintra, com bons modos – Eu sou um espelho e um conjunto de limões em fuga e às vezes no meu comboio invoco um incubo para que lance um terramoto, e esse incubu lança o terramoto e o terramoto é de escala 7 e deita abaixo todas as bibliotecas, e o terramoto faz com que o comboio descarrile, e ao lado da linha de Sintra, corre um cavalo na direcção que lhe apetece, se lhe apetece correr para norte vai para norte, se lhe apetece cavalgar para o inferno o inferno abre-lhe as portas, então esse cavalo que às vezes bebe do Tejo e outras vezes bebe do Sado e quando quer ir para norte vai beber ao Douro, corre com medo do terramoto – O cavalo tem atrelado um arado e um carrilhão suíço que acorda as mulheres para irem extrair sal. E como a terra treme e o terramoto é muito intenso, o cavalo espalha-se pelo Alentejo e foge para um lado e depois para o outro, ao ritmo que a terra quer – E o arado deixa na terra uma sismo-gravura, ou um sismo-poema que a terra dita, em linguagem trémula ao cavalo que corre, O arado escreve – O Paraíso é igual a Paraíso + Inferno – Ou outro aforismo ridículo que só um tremor de terra poderia escrever. E vêm a chuva e apaga a frase que outrora se lia do alto.
Nuno Brito
Alguém ejaculou por cima da natureza morta e esse sémen ficou na história da Arte europeia – Pense – Disse o condutor da linha de Sintra, com bons modos – Eu sou um espelho e um conjunto de limões em fuga e às vezes no meu comboio invoco um incubo para que lance um terramoto, e esse incubu lança o terramoto e o terramoto é de escala 7 e deita abaixo todas as bibliotecas, e o terramoto faz com que o comboio descarrile, e ao lado da linha de Sintra, corre um cavalo na direcção que lhe apetece, se lhe apetece correr para norte vai para norte, se lhe apetece cavalgar para o inferno o inferno abre-lhe as portas, então esse cavalo que às vezes bebe do Tejo e outras vezes bebe do Sado e quando quer ir para norte vai beber ao Douro, corre com medo do terramoto – O cavalo tem atrelado um arado e um carrilhão suíço que acorda as mulheres para irem extrair sal. E como a terra treme e o terramoto é muito intenso, o cavalo espalha-se pelo Alentejo e foge para um lado e depois para o outro, ao ritmo que a terra quer – E o arado deixa na terra uma sismo-gravura, ou um sismo-poema que a terra dita, em linguagem trémula ao cavalo que corre, O arado escreve – O Paraíso é igual a Paraíso + Inferno – Ou outro aforismo ridículo que só um tremor de terra poderia escrever. E vêm a chuva e apaga a frase que outrora se lia do alto.
Nuno Brito
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