domingo, 27 de dezembro de 2009
Aquela nuvem
Aquela nuvem
Parece um cavalo...
Ah! Se eu pudesse montá-lo!
Aquela?
Mas já não é um cavalo,
É uma barca à vela.
Não faz mal.
Queria embarcar nela.
Aquela?
Mas já não é um navio,
É uma torre amarela
A vogar no frio
Onde encerraram uma donzela.
Não faz mal.
Quero ter asas
Para a espreitar da janela.
Vá, lancem-me no mar
Donde voam as nuvens
Para ir numa delas
Tomar mil formas
Com sabor a sal
- Labirinto de sombras e de cisnes
No céu de água-sol-vento-luz concreto e irreal...
José Gomes Ferreira, Poesia IV
Desafios
I
Soubesse eu desenhar em versos tantos
Versos em linha, em cruz e circulares
Sem ponto pé-de-flor, triangulares.
E é no ponto cruz, de vida
Que se pintam palavras brancas
De um branco sujo? que abuso.
E refaço esse branco em mais desuso.
II
Corro o mundo nos teus olhos, meu amor.
Parado estou aqui, neste lugar
De onde alcanço todo o universo.
Em verso me parece que cheguei
Atrasada.
Como pão-de-ló da avó
De chancas nos ovos do meu avô
Gemas e claras yô-yô
Em bolos e açúcares do que sou.
III
Levo socos em chávenas de chá
Para a terra do lado de lá.
Buscar-te do outro lado do mar.
Não quero ouvir-te em concha
Não ouço assim o teu eco e só me perco
Em harpas e sons meros dissonantes.
IV
No jardim o cipreste que secou
Tinha atado um balão azul
E cordas brancas no ar de Zepellin.
Subo na sua sombra desmaiada.
Sinto a tua luz a embriagar-me
E fico nessa sombra que me dói.
Que me doendo fica mais sombra
À roda duma perna que me tomba.
V
Mas que mania, esta dos decassílabos
Um muro breve só de dez pedras.
Corro a subir, a ver se toco.
Mas longa é a distância aonde moras.
Amoras me adocicam as esperas
Tornam mais leves as esporas.
A dor ficou aqui. Eu já não estou
De sabrinas a subir ao alto céu.
VI
Solta-se um branco som surucucu.
Será susto ou chama de fundo azul?
Uma borboleta perde as asas.
Naufragam em versos de águas rasas.
Lisa porta em que não comeste
O pão seco e duro
Seco o Eufrates – muito mais que o Tejo
Ana Luísa, Clara, Ana Janeiro,Inês,Joana, Elza, José Almeida, José Ferreira
P.S. Estes versos foram escritos no desafio de apenas se conhecer o verso anterior. Sendo assim quem terminou desconhecia em absoluto a forma como tinha começado o poema.
Soubesse eu desenhar em versos tantos
Versos em linha, em cruz e circulares
Sem ponto pé-de-flor, triangulares.
E é no ponto cruz, de vida
Que se pintam palavras brancas
De um branco sujo? que abuso.
E refaço esse branco em mais desuso.
II
Corro o mundo nos teus olhos, meu amor.
Parado estou aqui, neste lugar
De onde alcanço todo o universo.
Em verso me parece que cheguei
Atrasada.
Como pão-de-ló da avó
De chancas nos ovos do meu avô
Gemas e claras yô-yô
Em bolos e açúcares do que sou.
III
Levo socos em chávenas de chá
Para a terra do lado de lá.
Buscar-te do outro lado do mar.
Não quero ouvir-te em concha
Não ouço assim o teu eco e só me perco
Em harpas e sons meros dissonantes.
IV
No jardim o cipreste que secou
Tinha atado um balão azul
E cordas brancas no ar de Zepellin.
Subo na sua sombra desmaiada.
Sinto a tua luz a embriagar-me
E fico nessa sombra que me dói.
Que me doendo fica mais sombra
À roda duma perna que me tomba.
V
Mas que mania, esta dos decassílabos
Um muro breve só de dez pedras.
Corro a subir, a ver se toco.
Mas longa é a distância aonde moras.
Amoras me adocicam as esperas
Tornam mais leves as esporas.
A dor ficou aqui. Eu já não estou
De sabrinas a subir ao alto céu.
VI
Solta-se um branco som surucucu.
Será susto ou chama de fundo azul?
Uma borboleta perde as asas.
Naufragam em versos de águas rasas.
Lisa porta em que não comeste
O pão seco e duro
Seco o Eufrates – muito mais que o Tejo
Ana Luísa, Clara, Ana Janeiro,Inês,Joana, Elza, José Almeida, José Ferreira
P.S. Estes versos foram escritos no desafio de apenas se conhecer o verso anterior. Sendo assim quem terminou desconhecia em absoluto a forma como tinha começado o poema.
Subscrever:
Mensagens (Atom)