domingo, 4 de março de 2012
Nesta cadeira pálida
Fotografia retirada do The Guardian
Nesta cadeira pálida, livros cheios de folhas e um ruído de vento na janela;
Punhos de força, invisíveis, baques surdos -
Descreves os maus momentos e as repetições incessantes;
A obsessão das árvores, da lua, dos pássaros
Mas não atormentes os silêncios, os momentos parados sobre as asas da alma
Não será essa a faca nem a espada que corta os enigmas
De um castelo de torres agudas de onde saem morcegos
E pousam corvos nas noites mais escuras.
Não apoquentes os sonhos que estão mortos
E ergue a voz apenas pelos mais delinquentes
Aqueles que hão-de ser vivos
Os de raízes frágeis para serem grandes –
josé ferreira 4 Março 2012
A clara noite de verão - um poema de Fernando Pessoa
A clara noite de verão
Com penugem nos sentidos
De leve pousa e afaga, e não
Dorme mais
Novos, nos ensiraram a emoção,
Crescidos, aprendemos a verdade
Resultou
Débeis de mais para buscar o verdadeiro,
Frios de mais para encaixar o sentimento.
Fernando Pessoa
In Poesia 1918-1930 , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
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