quarta-feira, 5 de agosto de 2009
A forma justa
(Fotografia retirada da Internet)
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
D E S C O M P R E S S Ã O
Procuro compensar a azáfama,
o bulício brutal vivido
com o pandemónio do stress laboral;
o polegar firme
e a polpa do indicador,
premem minhas têmporas,
deixo que o índex se estenda
por toda a minha fronte,
cotovelo esquerdo sobre a mesa,
rodo o pescoço
sinto-o estalar e ranger,
provocando dor surda
por estiramento muscular;
sobrelevo os ombros
despertando dor aguda nos trapézios,
assim permaneço alguns segundos
aceitando dor crucial por intencional;
dentro em breve atingirei
tranquilo relaxamento funcional!
Olhos ainda cerrados, visão dourada,
mar azul em ilha deserta...
a cabeça ainda lateja em torpôr,
mas é silenciada a ansiedade,
vai-se esbatendo a intolerância;
deixo escorrer a fadiga,
regressa o possível discernimento,
e os neurónios mostram-se felizes
por gradualmente poderem retomar
a fisiologia primária em suas sinapses!
Olhos agora entreabertos,
tranquilo, e com alguma serenidade
introspectivamente assumo:
- terei por certo escapado ao infarto,
mas não ao absurdo stress profissional;
- como se pode assim louvar o trabalho ?!
(Antonio Luíz , 16-07-2009 - Poesia pragmática ).
o bulício brutal vivido
com o pandemónio do stress laboral;
o polegar firme
e a polpa do indicador,
premem minhas têmporas,
deixo que o índex se estenda
por toda a minha fronte,
cotovelo esquerdo sobre a mesa,
rodo o pescoço
sinto-o estalar e ranger,
provocando dor surda
por estiramento muscular;
sobrelevo os ombros
despertando dor aguda nos trapézios,
assim permaneço alguns segundos
aceitando dor crucial por intencional;
dentro em breve atingirei
tranquilo relaxamento funcional!
Olhos ainda cerrados, visão dourada,
mar azul em ilha deserta...
a cabeça ainda lateja em torpôr,
mas é silenciada a ansiedade,
vai-se esbatendo a intolerância;
deixo escorrer a fadiga,
regressa o possível discernimento,
e os neurónios mostram-se felizes
por gradualmente poderem retomar
a fisiologia primária em suas sinapses!
Olhos agora entreabertos,
tranquilo, e com alguma serenidade
introspectivamente assumo:
- terei por certo escapado ao infarto,
mas não ao absurdo stress profissional;
- como se pode assim louvar o trabalho ?!
(Antonio Luíz , 16-07-2009 - Poesia pragmática ).
5 POETRIX ( a propósito do Verão )
Condição sine qua non:
- amar na praia
sol e sofreguidão,
verão escaldante no coração.
Alternativa:
Esbracejo no mar,
pertenço-lhe por instinto
após escaldão.
Constatação:
Bátegas de água fresca
temperam gentilmente areia
solarenta.
Relaxamento arriscado:
Gente deambulante indefesa
em praias, sol a pique...
vida desprotegida.
Compensação:
Paixão na orla do mar,
abraços-protecção do sol
intempestivo.
(António Luíz , 28-07-2009 - Poesia pragmática )
- amar na praia
sol e sofreguidão,
verão escaldante no coração.
Alternativa:
Esbracejo no mar,
pertenço-lhe por instinto
após escaldão.
Constatação:
Bátegas de água fresca
temperam gentilmente areia
solarenta.
Relaxamento arriscado:
Gente deambulante indefesa
em praias, sol a pique...
vida desprotegida.
Compensação:
Paixão na orla do mar,
abraços-protecção do sol
intempestivo.
(António Luíz , 28-07-2009 - Poesia pragmática )
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