Procuro compensar a azáfama,
o bulício brutal vivido
com o pandemónio do stress laboral;
o polegar firme
e a polpa do indicador,
premem minhas têmporas,
deixo que o índex se estenda
por toda a minha fronte,
cotovelo esquerdo sobre a mesa,
rodo o pescoço
sinto-o estalar e ranger,
provocando dor surda
por estiramento muscular;
sobrelevo os ombros
despertando dor aguda nos trapézios,
assim permaneço alguns segundos
aceitando dor crucial por intencional;
dentro em breve atingirei
tranquilo relaxamento funcional!
Olhos ainda cerrados, visão dourada,
mar azul em ilha deserta...
a cabeça ainda lateja em torpôr,
mas é silenciada a ansiedade,
vai-se esbatendo a intolerância;
deixo escorrer a fadiga,
regressa o possível discernimento,
e os neurónios mostram-se felizes
por gradualmente poderem retomar
a fisiologia primária em suas sinapses!
Olhos agora entreabertos,
tranquilo, e com alguma serenidade
introspectivamente assumo:
- terei por certo escapado ao infarto,
mas não ao absurdo stress profissional;
- como se pode assim louvar o trabalho ?!
(Antonio Luíz , 16-07-2009 - Poesia pragmática ).
1 comentário:
Muito bem António...quem te conhece como eu e te viu tantas vezes cansado, com as mãos nas têmporas, rodar o pescoço; fecha os olhos, ouve o que aqui escreves e vê a cena!
Joaninha
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