O MALTRATO
Levanta, amor, levanta
São horas de jantar
Tira a faca daí!
Por que não me respondes?
Diz,
Onde estavas?
Tu sabes que eu adoro ver-te em casa
quando chego da rua.
Sabes que o teu corpo no chão
atinge os ângulos mais belos...
Sabes, meu bem, como eu gosto de ti...
Que estaremos neste laço para sempre
E que a minha força eterna e excessiva te protege.
A expressão que tens nos olhos mete medo
Anda, levanta-te.
São horas de jantar, não ouves?
Mexe-te.
Foi só um empurrão
Trouxe-te o pão e o vinho
Há trinta que casamos, lembras?
E continuas
cosmeticamente atraente
em formas , volumes e conversas.
E és tão desejável.
Acorda, amor, acorda.
São horas de jantar
Limpa o sangue do teu corpo.
Ángeles Sanz