Um lugar para a sede
onde não haja
Água – só desejo de a ter
e por isso Vínculo,
Só as saias da Sede
Que alguém desenhou
a subirem devagar
Uma mão de homem – sede do seu
joelho
Sobe as coxas – a mão
Procura a parte mais quente da
sede,
Todo o corpo pede novas formas de
beber
Entre as pernas da sede - o homem
lambe o seu sexo
A saia curta, ficou à cinta, por
baixo dela a cabeça
O homem lambe a sede – ambos são
seres personificados
A cuequinha de algodão para o lado
Pode ser no Miradouro do Adamastor
onde Churchill pediu para sair do táxi - olhou para a nuvem com a boca aberta
bebeu um bocado da chuva - mas queria beber a nuvem toda,
como disse o taxista cheio do Sonho Americano, se eu fosse homem
estava agora com uma erecção só de ver Churchill a olhar para Almada
enquanto os submarinos passam o Canal da Mancha - Todos os ministros no Bunker,
ele foi comprar charutos a Picadilly -
deve estar a chegar, não deve estar em Portugal a beber nuvens -
O Fim da Guerra precisa dele - e a Paz também precisa dele
Com a boca cheia de chuva olha para Almada (para o ponto onde vai estar o Cristo Rei,
está lá só um homem que é uma estátua de sono - substitui-se por outra estátua
mete-se uma saia - Relva na cabeça, um bocado de gel - e vira-se a estátua para a América
Pode ser no Miradouro do Adamastor
onde Churchill pediu para sair do táxi - olhou para a nuvem com a boca aberta
bebeu um bocado da chuva - mas queria beber a nuvem toda,
como disse o taxista cheio do Sonho Americano, se eu fosse homem
estava agora com uma erecção só de ver Churchill a olhar para Almada
enquanto os submarinos passam o Canal da Mancha - Todos os ministros no Bunker,
ele foi comprar charutos a Picadilly -
deve estar a chegar, não deve estar em Portugal a beber nuvens -
O Fim da Guerra precisa dele - e a Paz também precisa dele
Com a boca cheia de chuva olha para Almada (para o ponto onde vai estar o Cristo Rei,
está lá só um homem que é uma estátua de sono - substitui-se por outra estátua
mete-se uma saia - Relva na cabeça, um bocado de gel - e vira-se a estátua para a América
Não existem eles nem nós – se
virmos o desenho que faz
no espaço-tempo este prazer, por
baixo da saia-
O tornozelo-sede – os dedos-sede,
sem filtros
Ligados por um fio de Mão Aberta – a
mão sede onde dorme um helicóptero
um insecto suicida que choca com outros no ar quando há fogo cruzado -
tenho medo porque tenho mãos - a nossa Possibilidade incluí essa Voz
que nos chama
Antes de entrar no táxi
Churchill olha para o relógio - seis e meia - Portugal a acordar - vê as traseiras de uma pastelaria
espreita pelas frinchas - Vê os pasteleiros com as grandes seringas culinárias
a injectarem o creme dentro das bolas de berlim e dos eclaires, dos outros bolinhos
como o mais perverso voyeur da indústria alimentar
espreita os pasteis de nata a saírem do forno - todo ele treme de euforia ao ver os bolos de arroz
a serem amassados, os bolinhos húngaros de chocolate e manteiga,
***
um insecto suicida que choca com outros no ar quando há fogo cruzado -
tenho medo porque tenho mãos - a nossa Possibilidade incluí essa Voz
que nos chama
Antes de entrar no táxi
Churchill olha para o relógio - seis e meia - Portugal a acordar - vê as traseiras de uma pastelaria
espreita pelas frinchas - Vê os pasteleiros com as grandes seringas culinárias
a injectarem o creme dentro das bolas de berlim e dos eclaires, dos outros bolinhos
como o mais perverso voyeur da indústria alimentar
espreita os pasteis de nata a saírem do forno - todo ele treme de euforia ao ver os bolos de arroz
a serem amassados, os bolinhos húngaros de chocolate e manteiga,
***
A mão da sede,
em jeito de abandono pede ao homem:
Traduz o meu
corpo para a linguagem dos rios,
Se me queres dar
um prazer verdadeiro, traduz tu
Ajax ou Deus
Pastoral
Que sabes todas
as línguas
Que estás entre
todos os povos,
Traduz tu Ajax
ou Deus pastoral
A minha sede em
água
As linhas da
minha vida em rios
Da minha medula
faz nascentes de ribeiros frescos
(Põe dois
pastores em cada lado) e um guarda-rios
Mais a sua
família feliz e o doce lar em que habitem
E que eles velem
a minha descida pelas montanhas,
Desço por ti,
fertilizo-te a terra
dos meus joelhos faz barcos,
Das rótulas as velas, dos ossos dos dedos: canoas
O tronco seco
E do meu sopro
os que nela andem e que neles remem,
que os aldeões
vejam o rio engrossar o seu leito
na medida
proporcional da sua sede
E na medida
proporcional da sua sede abram poços,
Traduz pois Ajax
ou deus pastoral os meus olhos negros
em poços fundos,
para que eles venham com os seus baldes
beber-me um pouco mais
E a sede que sou
eu esteja neles e que a procura que é a sede
E és tu e todos,
esteja entre nós,
Fontes límpidas
de Minos, rio seguro que nós somos
A descer
contínuo, no fundo deles põe um mar
Tradu-lo do
leite do meu sexo quando me lambes e dás prazer
Ajax ou deus
pastoral – tu tradutor que me lambes
Vês agora o mar
que criaste do teu desejo
Vês essa onda
que te molha os pés, coalha-se em espuma
É só uma onda
que ri
um pouco atrás no paredão
num banco atrás dos namorados
alguém me desenhou para velar por ti
um pouco atrás no paredão
num banco atrás dos namorados
alguém me desenhou para velar por ti
Nuno Brito