terça-feira, 23 de agosto de 2011
às vezes tudo é tão simples
estrela cintilante, guardo-te dentro de mim.
és a flor de lótus, a meditação intensa,
a brisa no castelo dos medos, enquanto
o polegar e o indicador sobre os joelhos
e os olhos, em fogo, acesos -
por vezes perdes-me na floresta; o cesto,
a fruta, os bolos de amêndoa -
por vezes não encontro o caminho;
os braços caídos, as dúvidas, os silêncios sem sentido -
por vezes o nevoeiro, o fumo, os dias como chumbo -
os filmes, os livros, as fotografias, são fragmentos,
discursos que surgem por acaso
mas depois fazem parte, falam, criam uma âncora nas linhas -
os braços, a cabeça, entram dentro da cena
agarram os ombros da estrela, apropriam-se da nuca
e selam os lábios no veludo da testa;
em transferência, transigentes, puros, agradecidos -
(nem todos os poemas têm que ter flechas
ser masculinos, duros em demasia, no desafio de muitos labirintos)
ás vezes tudo é tão simples -
e continuamos como tolos, sem bússola,
nos pólos ou no centro do mundo,
permitindo os toros da floresta, os lobos, o frio -
estrela cintilante, afasta o cabelo com cuidado
e abre o sorriso, sê naïf, os braços grandes de navio
o carvão nos mecanismos, o oceano
e o desejo sem ser ilha -
José Ferreira 21 Agosto 2011
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