terça-feira, 29 de novembro de 2011

C de cem - um poema de Pablo Neruda


Richard Avedon

No meio da terra afastarei
as esmeraldas para te ver
e tu estarás copiando as espigas
com uma pluma de água mensageira.

Que mundo! Que profunda salsa!
Que navio navegando na doçura!
E tu talvez e eu talvez topázio!
E não haverá separação nos sinos.

E haverá apenas o ar livre,
as maçãs levadas pelo vento,
o suculento livro na ramada,

lá onde os cravos respiram
criaremos uma roupagem que resista
à eternidade de um beijo vitorioso.

Pablo Neruda "Cem sonetos de amor", Campo de Letras, 2004