domingo, 27 de dezembro de 2009

Desafios

I
Soubesse eu desenhar em versos tantos
Versos em linha, em cruz e circulares
Sem ponto pé-de-flor, triangulares.
E é no ponto cruz, de vida
Que se pintam palavras brancas
De um branco sujo? que abuso.

E refaço esse branco em mais desuso.

II
Corro o mundo nos teus olhos, meu amor.
Parado estou aqui, neste lugar
De onde alcanço todo o universo.

Em verso me parece que cheguei
Atrasada.

Como pão-de-ló da avó
De chancas nos ovos do meu avô
Gemas e claras yô-yô
Em bolos e açúcares do que sou.

III
Levo socos em chávenas de chá
Para a terra do lado de lá.
Buscar-te do outro lado do mar.

Não quero ouvir-te em concha
Não ouço assim o teu eco e só me perco
Em harpas e sons meros dissonantes.

IV
No jardim o cipreste que secou
Tinha atado um balão azul
E cordas brancas no ar de Zepellin.
Subo na sua sombra desmaiada.
Sinto a tua luz a embriagar-me
E fico nessa sombra que me dói.
Que me doendo fica mais sombra
À roda duma perna que me tomba.

V
Mas que mania, esta dos decassílabos
Um muro breve só de dez pedras.

Corro a subir, a ver se toco.
Mas longa é a distância aonde moras.

Amoras me adocicam as esperas
Tornam mais leves as esporas.

A dor ficou aqui. Eu já não estou
De sabrinas a subir ao alto céu.

VI
Solta-se um branco som surucucu.
Será susto ou chama de fundo azul?

Uma borboleta perde as asas.
Naufragam em versos de águas rasas.

Lisa porta em que não comeste
O pão seco e duro
Seco o Eufrates – muito mais que o Tejo

Ana Luísa, Clara, Ana Janeiro,Inês,Joana, Elza, José Almeida, José Ferreira


P.S. Estes versos foram escritos no desafio de apenas se conhecer o verso anterior. Sendo assim quem terminou desconhecia em absoluto a forma como tinha começado o poema.

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