sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um inédito pretexto

Um poema começa de forma imprecisa
Irrompe de um choro contido
de sal sobre a pele
Até deixar de saber o sabor
do verbo
E o poema atinge com a força de um ferro
Porque há na escrita uma dor latente
Uma coisa insidiosa que lateja
sobre a pele
E é sol, e é sal e é só o poema
E é só um poema que pulsa
na pele

O poema persiste de forma improvável
Inunda o olhar de choro composto
só sal no papel
E um poema no rosto
A perder de sentir o sentido
do verbo
E o poema é quem t(f)inge de cor
Porque há no Autor um inédito desejo
de exibir a pele
E o poema é só
um pretexto

5 comentários:

ana luisa amaral disse...

Gostei IMENSO do seu poema, Marlene! Muitos parabéns.

ana luísa

Joana Espain disse...

Olá Marlene

Um poema que 'é só sal no papel' feito para 'exibir a pele'.

Muito bonito.

josé ferreira disse...

Olá Marlene

o teu poema "tinge de cor" e enriquece o blog. e é tanto, o poema "que começa de forma imprecisa", "que atinge com a força do ferro", "que é só pretexto", "que lateja sobre a pele" até " deixar de saber o sabor do verbo" e "é sol, e é sal e é só poema". gostei muito.

Bjo.

Joana Espain disse...

Olá Marlene

Agora estou viciada em comentários:) Tenho que parar! Mas voltei a ler o poema e gostei ainda mais de toda a essência que está no 'sal no papel'. Funde-se com o verbo e aparece quase por baixo da pele. Um poema é realmente feito para exibir a pele.

Esperamos o próximo.

Beijinhos

Joana

M. disse...

Obrigada pelos comentários.
Joana os teus são excelentes, não pares porque gosto de os ler tanto como aos poemas.
Um beijinho
Marlene