quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um rosto de Anna Karenina




Sobre ti o dia de Novembro
uma névoa, um vapor de linhas;
lugar onde os relógios crescem
de lado, nos azulejos
ponteiros grandes
inevitável rodar do tempo.

Como em Anna Karenina
já não se usam peles de vison
chapéus de ornamentos, penas
de pavão, nem as danças
as valsas de salão.
Sobre ti a boina preta e o baton
a cor vermelha, a tentação.

Sobre ti a dúvida e o aroma
as pétalas, o cálice doce, ameno
um sistema largo de afectos.
de um vidro embaciado
a paisagem jaz líquida
movediça, de árvores despidas
deixando cair os vestidos
na nudez segura.
Sobre ti a dúvida.

Sobre ti agora o imprevisto
a noite de berlindes e sininhos
ritos de paus de chuva, energias
um re(moinho) por de cima, em cima
uma carícia que transmite
a distância dos lagos
um cisne de águas calmas
Sobre ti.

Sobre ti o aroma
as pétalas,o cálice doce, ameno
o apagar do candeeiro
a luz presente de um poema -

Adormece, quero-te
boa noite -

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