sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Do fim dos segredos


Júlio Pomar "Auto-retrato, duas (ou três) laranjas e, de pernas para o ar, um macaco" 1973


Quando se conta a outrem um segredo este
desmaia: a palavra
torna-se pele
sem leão lá dentro.

Não é mais segredo e não o sendo
finge ser lembrança
de fabrico imperfeito:
um cliqueti no silêncio escancara

a dantes inamovível porta
e virada a página acha-se apenas
uma moeda
que não corre já.

Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO"

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