- diz-me princesa,
o que mais desejas ?
correr e gritar, corada e descalça,
o palácio de ponta a ponta.
ser menina de faz-de-conta.
despentear a brincadeira,
sem rendas e sem laços.
ter o riso e a chuva nos braços.
- não pode ser princesa,
que ainda te descompões.
Raquel Patriarca
vinteedois.dezembro.doismileoito
4 comentários:
Raquel,
Gostei mesmo muito deste diálogo com os desejos íntimos da Princesa. Com certeza ela trocaria todos os cuidados por descuidos de menina.
Acho muito boa a forma como terminas o poema, com o verbo "descompor" que me parece ironizar com a arrogância teatral composta na cara da menina. E gostei muito dos versos que jogam com essa compostura teatral ou que a querem desmanchar: "menina de faz-de-conta"; "despentear a brincadeira".
Acho ainda muito bonito o verso: "ter o riso e a chuva nos braços".
Muito bonito, muitos parabéns.
raquel que poema magnifico!
Gostei imenso mesmo! De facto, para ser menina e criança falta lhe a descompostura!
"despentear a brincadeira,
sem rendas e sem laços.
ter o riso e a chuva nos braços."
Esta estrofe está particularmente fantástica. Muitos parabéns! :)
Gostei muito como colocaste a criança para além da pose, querendo o riso e a brincadeira, depois do poema fiquei com vontade de libertar a criança! mas a pobre menina não podia ( fica explicado o olhar ausente, de lado, contrariado)
Parabéns!
Achei excelente a força da ironia no poema. Gostei muito.
A estes versos,
' diz-me princesa,
o que mais desejas ?'
só faltava uma imagem a acompanhar de uma mão a fazer festinhas na menina (uma bomba relógio a fazer tic-tac também não ia mal). Parabéns!
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