deserto de palavras
não as consigo tecer
entrançar umas nas outras
formar imagens de cor
aridez de palavras
mergulho os dedos nestes grãos
escorrem sem dono
por entre as minhas mãos
vazio de palavras
atravessar esta lonjura
por dentro sinto-me rasgar
derrete-me a mente nesta loucura
deserto cheio
de aridez vazio
de palavras
Clara Oliveira
3 comentários:
Clara gostei. acho que resultou bem o início de cada estrofe "deserto", "aridez", "vazio" de palavras, a tal desinspiração, reunida nas mesmas três palavras da estrofe final que completa a harmonia do poema.
Olá Clara. Gostei muito de não se
'formarem imagens de cor' que parecem 'escorrem sem dono' e gostei como disse o José do encontro das três imagens no final
Achei bastante interessante a forma como a última estrofe resume, por assim dizer, os versos iniciais das estrofes anteriores, ao mesmo tempo que os expande, pela introdução de um adjectivo que anula toda a temática do poema: "cheio".
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