Amar-te é morar nos abraços que te dou
Engelhar lençóis e enriçar as pernas e os dedos
Num nó de gente sem pente, só nós e os nossos segredos
Amar-te é procurar-te todos os dias, como se não estivesses
Encontrar a cura para as lágrimas dentro dos teus braços
Fingir que sei o que faço quando estou longe de ti
Fazer que finjo que sei regressar serena a ti
Amar-te é arrombar as velhas portas trancadas
É escolher o que visto porque me vês
Fazer dos teus olhos o espelho
Mostrar-te todos os medos
Mesmo os mais feios e medonhos
Amar é servir-te em bandeja de prata
Todos os meus monstros e os meus sonhos
Amar-te é esta delicadeza sem etiqueta
Que desliza sem regras e sem conduta
Amar-te é amar-te ao exagero sem ser discreta
É trazer-te pela mão, pela rua, e pelos planos que planto
E ficar a vigiar de regador na mão
Rego o amor
Para que cresça
E rogo
Para que não esmoreça
2 comentários:
Olá Marlene
nada melhor que um poema de amor para começar o ano. quanto à melodia dos teus poemas (não posso estar sempre a repetir) é perfeita e dos versos saliento "nó de gente sem pente" "Amar-te é delicadeza sem etiqueta/que desliza sem regras e sem conduta" e a imagem final para a qual chamaste a natureza com mil cuidados "pelos planos que planto" aonde se "rega" o amor no "rogo" para que não esmoreça.
Gostei muito! Parabéns!
Bjo. e Feliz ano de 2009!
Olá Marlene: só hoje (18-03-2009) li este Poema. Se o José Ferreira não levar a mal , faço minhas as palavras dele acima escritas. Tanta sensualidade e genialidade. Eu sei, sei mesmo, que amar é mesmo isto que descreves. Não haver etiquetas. Fazer tudo ( ou talvez seja mais adequado, quase tudo)onde se estiver e sentirmo-nos sós entre a multidão. Muitos parabéns. António
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